Esperas de toiros em Vila Franca de Xira provocam seis feridos (2009)
As esperas de toiros em Vila Franca de Xira, inseridas na tradicional Feira de Outubro, provocaram seis feridos leves. Três pessoas da cidade foram colhidas pelos toiros e necessitaram de receber assistência médica ligeira a caminho do Hospital de Reynaldo dos Santos.
Os restantes três feridos foram resultado de quedas e atropelões da multidão. O registo de 2009 faz apagar da memória as esperas de 2007, ano em que as autoridades registaram 11 feridos, dois dos quais graves. “Este ano temos um registo muito positivo, apenas tivemos feridos muito ligeiros. É um sinal de que as pessoas estão mais preocupadas e conscientes do perigo”, afirmou o comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila Franca de Xira, António Pedro
in 'O Mirante'
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
quinta-feira, 14 de maio de 2009
“Não nos manifestamos no Ribatejo porque queremos continuar vivos”
Associação Animal protesta em Lisboa contra touradas e enfrenta aficionados
A Associação Animal tem-se manifestado em frente ao Campo Pequeno em Lisboa contra a festa brava mas evita fazê-lo no Ribatejo com medo da reacção dos aficionados. Associações organizaram segundo convívio do aficionado e O MIRANTE ouviu ribatejanos que marcaram presença na praça lisboeta.
Desde que a praça de touros do Campo Pequeno, em Lisboa, reabriu portas há três anos, activistas da associação ANIMAL têm-se manifestado em frente à praça contra as touradas, mas evitam fazê-lo no Ribatejo. “Porque queremos conservar-nos vivos e inteiros para continuarmos a defender os direitos dos animais”, explica a vice-presidente da associação, Rita Silva. Uma justificação dada a O MIRANTE durante o protesto, feito pela associação em frente ao Campo Pequeno, na quinta-feira, 14 de Maio, pouco tempo antes de ter início mais uma corrida de toiros na praça da capital.
A responsável lembra que a associação não tem capacidade logística para ir a todo o lado. Que já foram feitas manifestações em terras com fortes raízes tauromáquicas, mas as coisas não correram bem. “Tivemos muitas más experiências sempre que tentávamos fazê-lo porque havia uma falta de pacifismo da parte dos aficionados muito assustadora”, garante a vice-presidente.
Rita Silva admite que é mais seguro e uma questão de bom senso ficar por Lisboa do que rumar a terras de abrangência de O MIRANTE, onde vão decorrer em breve várias corridas e iniciativas ligadas à festa brava, como a Feira da Ascensão na Chamusca, Feira de Maio na Azambuja, as corridas de Junho em Santarém ou o Colete Encarnado em Vila Franca de Xira.
“Não há necessidade de nos expormos ou provocar uma reacção que, à partida, sabemos será muito mais violenta em terras ditas tauromáquicas, do que na capital do país”, confessa. Quanto à organização de um possível protesto anti-taurino em terras ribatejanas, a vice-presidente da Associação ANIMAL joga à defesa e prefere não revelar “a estratégia de trabalho que está bem delineada”.
Com 28 anos e a trabalhar a tempo inteiro na associação há cinco, Rita Silva liderou a manifestação que juntou cerca de meia centena de activistas defensores dos direitos dos animais que se concentraram do lado direito da entrada principal do Campo Pequeno, para protestarem contra as corridas de touros.
Os jovens, quase todos com idades compreendidas entre os vinte e os trinta anos, vestiam t-shirt preta onde estava escrito: “Sou Português, Sou Civilizado”. Empunhando cartazes e com megafone gritavam palavras de ordem como “cobardes”, “vergonha” ou “assassinos” e pediam que as touradas fossem proibidas.
Do outro lado da barricada, a poucos metros de distância, decorria ao mesmo tempo o segundo encontro de aficionados, alguns identificados com uma t-shirt branca, onde se podia ler “Sou Português Sou Aficionado” e que podia ser comprada por dois euros. Organizado por várias associações ligadas à festa brava, o encontro serviu para reunir amantes da tauromaquia. “No Ribatejo, quando há corrida de touros as pessoas juntam-se um pouco antes para fazerem uma tertúlia. No encontro do aficionado queremos que vivam a tourada antes e durante o espectáculo”, salienta José Potier, presidente da Associação Nacional de Grupos de Forcados e um dos organizadores da iniciativa.
À medida que se aproximava a hora da corrida e começava a chegar mais público, intensificavam-se e aumentavam de tom as palavras de repúdio e desagrado por parte da meia centena dos manifestantes anti-touradas.
A noite ia arrefecendo e enquanto de um lado se protestava, do outro assistia-se a danças de Sevilhanas. Dezenas de pessoas paravam e admiravam o desempenho das seis dançarinas. O espectáculo começou pelas 20h30, durou cerca de 45 minutos e foi durante esse período em que houve maior concentração de aficionados no local.
A noite acabou fria, os protestos continuaram até às 22h15, hora marcada para o início da corrida e nós acabamos com os bolsos cheios de panfletos a anunciar futuras corridas de touros, todas no Ribatejo. A polícia esteve sempre por perto e não houve incidentes a registar. Ambas as partes garantiram que marcarão presença em frente ao Campo Pequeno sempre que houver uma corrida de touros na praça lisboeta.
Activistas anti-tourada “são uns ditadorzinhos”
Muitos ribatejanos marcaram presença na segunda corrida da temporada realizada no Campo Pequeno. João Ramalho, 74 anos, ganadero e ex-forcado do grupo de Santarém é um espectador assíduo das corridas na praça da capital portuguesa, que considera ser a mais importante do nosso país. Quanto aos manifestantes é bastante crítico. “São uns chatos que querem ser uns ditadorzinhos. Num país em que há liberdade, que se vota tudo por maiorias absolutas, haver minoritários que se querem impor, antigamente chamavam-se ditadores. São pessoas à espera de chamar a atenção”, diz o ganadeiro de Salvaterra de Magos.
Questionado sobre a possibilidade de se fazer uma manifestação anti-tourada no Ribatejo, João Ramalho não tem dúvidas: “Acontecia o mesmo que aqui. Está toda a gente a ir para os toiros, estão para ali a fazer barulho e ninguém lhes liga”.
Domingos Xavier, 59 anos, lidou com touros e cavalos toda uma vida. Natural de Coruche, o médico veterinário é frequentador das corridas da praça lisboeta. “Se fossemos só aficionados nas corridas éramos capazes de ser mais nefastos à festa do que aqueles fulanos que estão ali ao lado a gritar”, garante Domingos Xavier, aludindo ao facto de haver público em geral nas bancadas e não só aficionados.
Respeita a posição de quem não concorda com as touradas mas não tem dúvidas: “Desgraçadamente são ignorantes. Custa-me a sua desonestidade intrínseca pois têm mentido ao longo dos anos sobre o que fazemos aos animais. São mal-educados e já vi na mão desta gente um cartaz a dizer, “queres brincar com cornos brinca com o teu pai”, revela o veterinário.
Luís Junça viajou de Santarém. O jovem de 28 anos costuma vir à praça lisboeta quando o cartel lhe agrada. Diz que a tourada é uma tradição. “Os protestos não fazem sentido nem têm qualquer fundamento. Só temos de os ignorar. Quem não gosta, respeita como nós respeitamos”, revela o aficionado.
Luís Junça diz que a praça lisboeta é a mais marcante, mas Santarém está no bom caminho. “O presidente Moita Flores tem feito um bom trabalho pondo o preço dos bilhetes mais acessíveis. A praça de toiros está sempre cheia”, afirma o jovem.
Edição de 2009-05-21
A Associação Animal tem-se manifestado em frente ao Campo Pequeno em Lisboa contra a festa brava mas evita fazê-lo no Ribatejo com medo da reacção dos aficionados. Associações organizaram segundo convívio do aficionado e O MIRANTE ouviu ribatejanos que marcaram presença na praça lisboeta.
Desde que a praça de touros do Campo Pequeno, em Lisboa, reabriu portas há três anos, activistas da associação ANIMAL têm-se manifestado em frente à praça contra as touradas, mas evitam fazê-lo no Ribatejo. “Porque queremos conservar-nos vivos e inteiros para continuarmos a defender os direitos dos animais”, explica a vice-presidente da associação, Rita Silva. Uma justificação dada a O MIRANTE durante o protesto, feito pela associação em frente ao Campo Pequeno, na quinta-feira, 14 de Maio, pouco tempo antes de ter início mais uma corrida de toiros na praça da capital.
A responsável lembra que a associação não tem capacidade logística para ir a todo o lado. Que já foram feitas manifestações em terras com fortes raízes tauromáquicas, mas as coisas não correram bem. “Tivemos muitas más experiências sempre que tentávamos fazê-lo porque havia uma falta de pacifismo da parte dos aficionados muito assustadora”, garante a vice-presidente.
Rita Silva admite que é mais seguro e uma questão de bom senso ficar por Lisboa do que rumar a terras de abrangência de O MIRANTE, onde vão decorrer em breve várias corridas e iniciativas ligadas à festa brava, como a Feira da Ascensão na Chamusca, Feira de Maio na Azambuja, as corridas de Junho em Santarém ou o Colete Encarnado em Vila Franca de Xira.
“Não há necessidade de nos expormos ou provocar uma reacção que, à partida, sabemos será muito mais violenta em terras ditas tauromáquicas, do que na capital do país”, confessa. Quanto à organização de um possível protesto anti-taurino em terras ribatejanas, a vice-presidente da Associação ANIMAL joga à defesa e prefere não revelar “a estratégia de trabalho que está bem delineada”.
Com 28 anos e a trabalhar a tempo inteiro na associação há cinco, Rita Silva liderou a manifestação que juntou cerca de meia centena de activistas defensores dos direitos dos animais que se concentraram do lado direito da entrada principal do Campo Pequeno, para protestarem contra as corridas de touros.
Os jovens, quase todos com idades compreendidas entre os vinte e os trinta anos, vestiam t-shirt preta onde estava escrito: “Sou Português, Sou Civilizado”. Empunhando cartazes e com megafone gritavam palavras de ordem como “cobardes”, “vergonha” ou “assassinos” e pediam que as touradas fossem proibidas.
Do outro lado da barricada, a poucos metros de distância, decorria ao mesmo tempo o segundo encontro de aficionados, alguns identificados com uma t-shirt branca, onde se podia ler “Sou Português Sou Aficionado” e que podia ser comprada por dois euros. Organizado por várias associações ligadas à festa brava, o encontro serviu para reunir amantes da tauromaquia. “No Ribatejo, quando há corrida de touros as pessoas juntam-se um pouco antes para fazerem uma tertúlia. No encontro do aficionado queremos que vivam a tourada antes e durante o espectáculo”, salienta José Potier, presidente da Associação Nacional de Grupos de Forcados e um dos organizadores da iniciativa.
À medida que se aproximava a hora da corrida e começava a chegar mais público, intensificavam-se e aumentavam de tom as palavras de repúdio e desagrado por parte da meia centena dos manifestantes anti-touradas.
A noite ia arrefecendo e enquanto de um lado se protestava, do outro assistia-se a danças de Sevilhanas. Dezenas de pessoas paravam e admiravam o desempenho das seis dançarinas. O espectáculo começou pelas 20h30, durou cerca de 45 minutos e foi durante esse período em que houve maior concentração de aficionados no local.
A noite acabou fria, os protestos continuaram até às 22h15, hora marcada para o início da corrida e nós acabamos com os bolsos cheios de panfletos a anunciar futuras corridas de touros, todas no Ribatejo. A polícia esteve sempre por perto e não houve incidentes a registar. Ambas as partes garantiram que marcarão presença em frente ao Campo Pequeno sempre que houver uma corrida de touros na praça lisboeta.
Activistas anti-tourada “são uns ditadorzinhos”
Muitos ribatejanos marcaram presença na segunda corrida da temporada realizada no Campo Pequeno. João Ramalho, 74 anos, ganadero e ex-forcado do grupo de Santarém é um espectador assíduo das corridas na praça da capital portuguesa, que considera ser a mais importante do nosso país. Quanto aos manifestantes é bastante crítico. “São uns chatos que querem ser uns ditadorzinhos. Num país em que há liberdade, que se vota tudo por maiorias absolutas, haver minoritários que se querem impor, antigamente chamavam-se ditadores. São pessoas à espera de chamar a atenção”, diz o ganadeiro de Salvaterra de Magos.
Questionado sobre a possibilidade de se fazer uma manifestação anti-tourada no Ribatejo, João Ramalho não tem dúvidas: “Acontecia o mesmo que aqui. Está toda a gente a ir para os toiros, estão para ali a fazer barulho e ninguém lhes liga”.
Domingos Xavier, 59 anos, lidou com touros e cavalos toda uma vida. Natural de Coruche, o médico veterinário é frequentador das corridas da praça lisboeta. “Se fossemos só aficionados nas corridas éramos capazes de ser mais nefastos à festa do que aqueles fulanos que estão ali ao lado a gritar”, garante Domingos Xavier, aludindo ao facto de haver público em geral nas bancadas e não só aficionados.
Respeita a posição de quem não concorda com as touradas mas não tem dúvidas: “Desgraçadamente são ignorantes. Custa-me a sua desonestidade intrínseca pois têm mentido ao longo dos anos sobre o que fazemos aos animais. São mal-educados e já vi na mão desta gente um cartaz a dizer, “queres brincar com cornos brinca com o teu pai”, revela o veterinário.
Luís Junça viajou de Santarém. O jovem de 28 anos costuma vir à praça lisboeta quando o cartel lhe agrada. Diz que a tourada é uma tradição. “Os protestos não fazem sentido nem têm qualquer fundamento. Só temos de os ignorar. Quem não gosta, respeita como nós respeitamos”, revela o aficionado.
Luís Junça diz que a praça lisboeta é a mais marcante, mas Santarém está no bom caminho. “O presidente Moita Flores tem feito um bom trabalho pondo o preço dos bilhetes mais acessíveis. A praça de toiros está sempre cheia”, afirma o jovem.
Edição de 2009-05-21
quinta-feira, 19 de março de 2009
Toureiro Mário Coelho na barra dos tribunais acusado de plágio
Em causa excertos do livro “Da Prata ao Ouro” que evoca percurso da figura da festa brava
O toureiro de Vila Franca de Xira, Mário Coelho, vai ser levado à barra dos tribunais por contrafacção. Textos da pintora Antonieta Janeiro foram alegadamente usados no livro “Do Ouro à Prata” que evoca o percurso da figura da tauromaquia.
O Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) decidiu levar a julgamento o toureiro de Vila Franca de Xira Mário Coelho pela eventual prática do crime de contrafacção. Em causa está o livro lançado pelo toureiro “Da Prata ao Ouro – História de um Toureiro”, em que alegadamente terá usado, sem autorização, textos escritos pela pintora Antonieta Janeiro, que os tinha registados na Sociedade Portuguesa de Autores e na Inspecção Geral das Actividades Culturais.
Dada a prova produzida em inquérito e instrução o colectivo de juízes daquele tribunal considerou haver indícios claros e suficientes de que o autor transpôs para a sua obra passagens inteiras de textos, alguns registados, outros não, da autoria da artista plástica. Mesmo que o arguido possa ter participado na construção de alguns desses textos, não foi ele o seu criador intelectual ou pelo menos exclusivo.
Apesar de ter conhecimento da existência desses textos e da sua autora, usou-os como se tivesse sido ele a escrevê-los, sem autorização prévia, não conferindo assim individualidade à obra e por isso, susceptível de integrar a previsão do crime de contrafacção, consideram os magistrados.
Inicialmente o Ministério Público deduziu acusação contra o arguido pelo crime de usurpação de direitos de autor (plágio), mas o caso foi arquivado na fase de instrução após contestação pelo arguido. A Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) interpôs recurso da decisão instrutória para o Tribunal da Relação de Lisboa que considerou que o caso configura o crime de contrafacção e não usurpação de direitos de autor, como defendia a SPA. O arguido não deduziu oposição ao recurso e por isso vai a julgamento.
Mário Coelho, em declarações a O MIRANTE, confirma a existência do processo em tribunal, diz que o caso está entregue ao seu advogado e reivindica os direitos totais da obra. “A razão está do meu lado e aguardo tranquilamente pelo julgamento. O livro foi feito por mim e eu pedi a essa senhora que me corrigisse o português. É uma história de setenta anos e parte dela foi escrita muito antes de a ter conhecido” afirma o toureiro, salientando o facto de o livro ter tido um grande sucesso com a publicação de duas edições.
O toureiro espera ser absolvido em tribunal e mantém a confiança numa decisão favorável. Acrescenta que a sua vida sempre se pautou por uma linha recta e frontal e só lamenta estar a passar por esta situação. “Da Prata ao Ouro – História de um Toureiro” é uma auto-biografia que percorre os 50 anos de toureiro e retrata memórias da vida de Mário Coelho. O prefácio foi escrito por Agustina Bessa-Luís e foi publicada pela editora D. Quixote. A obra foi lançada no dia 27 de Junho de 2005, na Fundação Mário Soares em Lisboa, pelo Padre Vítor Melícias, numa sessão presidida pelo ex Presidente da República.
Actualmente com 73 anos, Mário Coelho foi considerado o melhor bandarilheiro do mundo e um dos mais notáveis matadores de toiros. Somou êxitos, troféus, orelhas e rabos pelas praças por onde passou ao longo de 50 anos de actividade taurina.
in O Mirante
Matador de toiros é acusado de plagiar excertos no livro “Da Prata ao Ouro”
Toureiro Mário Coelho começa a ser julgado a 8 de Abril
A obra foi lançada no dia 27 de Junho de 2005, na Fundação Mário Soares em Lisboa, pelo Padre Vítor Melícias, numa sessão presidida pelo ex-Presidente da República.
O toureiro de Vila Franca de Xira, Mário Coelho, vai ser levado à barra dos tribunais por contrafacção. Textos da pintora Antonieta Janeiro foram alegadamente usados no livro “Do Ouro à Prata” que evoca o percurso da figura da tauromaquia.
O Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) decidiu levar a julgamento o toureiro de Vila Franca de Xira Mário Coelho pela eventual prática do crime de contrafacção. Em causa está o livro lançado pelo toureiro “Da Prata ao Ouro – História de um Toureiro”, em que alegadamente terá usado, sem autorização, textos escritos pela pintora Antonieta Janeiro, que os tinha registados na Sociedade Portuguesa de Autores e na Inspecção Geral das Actividades Culturais.
Dada a prova produzida em inquérito e instrução o colectivo de juízes daquele tribunal considerou haver indícios claros e suficientes de que o autor transpôs para a sua obra passagens inteiras de textos, alguns registados, outros não, da autoria da artista plástica. Mesmo que o arguido possa ter participado na construção de alguns desses textos, não foi ele o seu criador intelectual ou pelo menos exclusivo.
Apesar de ter conhecimento da existência desses textos e da sua autora, usou-os como se tivesse sido ele a escrevê-los, sem autorização prévia, não conferindo assim individualidade à obra e por isso, susceptível de integrar a previsão do crime de contrafacção, consideram os magistrados.
Inicialmente o Ministério Público deduziu acusação contra o arguido pelo crime de usurpação de direitos de autor (plágio), mas o caso foi arquivado na fase de instrução após contestação pelo arguido. A Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) interpôs recurso da decisão instrutória para o Tribunal da Relação de Lisboa que considerou que o caso configura o crime de contrafacção e não usurpação de direitos de autor, como defendia a SPA. O arguido não deduziu oposição ao recurso e por isso vai a julgamento.
Mário Coelho, em declarações a O MIRANTE, confirma a existência do processo em tribunal, diz que o caso está entregue ao seu advogado e reivindica os direitos totais da obra. “A razão está do meu lado e aguardo tranquilamente pelo julgamento. O livro foi feito por mim e eu pedi a essa senhora que me corrigisse o português. É uma história de setenta anos e parte dela foi escrita muito antes de a ter conhecido” afirma o toureiro, salientando o facto de o livro ter tido um grande sucesso com a publicação de duas edições.
O toureiro espera ser absolvido em tribunal e mantém a confiança numa decisão favorável. Acrescenta que a sua vida sempre se pautou por uma linha recta e frontal e só lamenta estar a passar por esta situação. “Da Prata ao Ouro – História de um Toureiro” é uma auto-biografia que percorre os 50 anos de toureiro e retrata memórias da vida de Mário Coelho. O prefácio foi escrito por Agustina Bessa-Luís e foi publicada pela editora D. Quixote. A obra foi lançada no dia 27 de Junho de 2005, na Fundação Mário Soares em Lisboa, pelo Padre Vítor Melícias, numa sessão presidida pelo ex Presidente da República.
Actualmente com 73 anos, Mário Coelho foi considerado o melhor bandarilheiro do mundo e um dos mais notáveis matadores de toiros. Somou êxitos, troféus, orelhas e rabos pelas praças por onde passou ao longo de 50 anos de actividade taurina.
in O Mirante
Matador de toiros é acusado de plagiar excertos no livro “Da Prata ao Ouro”
Toureiro Mário Coelho começa a ser julgado a 8 de Abril
A obra foi lançada no dia 27 de Junho de 2005, na Fundação Mário Soares em Lisboa, pelo Padre Vítor Melícias, numa sessão presidida pelo ex-Presidente da República.
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