domingo, 7 de julho de 2013

“Sou um pregador da cirurgia taurina”

Luís Ramos, 33 anos, cirurgião e aficionado 
foto“Sou um pregador da cirurgia taurina”

 17-08-2005
 
A especialidade da cirurgia taurina não existe e, provavelmente, nunca irá existir. Mas a especificidade das lesões causadas por toiros com mais de 500 quilos, por vezes em pontas, e com uma musculatura muito forte obriga a um estudo permanente dos danos causados nos órgãos e tecidos. Os cirurgiões aprofundam soluções para salvar as vítimas e minimizar o seu sofrimento.
Luís Ramos, natural de Vila Franca de Xira, tem apenas 33 anos, mas possui uma vasta experiência nesta área. Desde que chegou ao Hospital de Vila Franca de Xira, há 11 anos e como estagiário, o médico começou a acompanhar as vítimas das cornadas. O gosto pela festa brava vem desde pequeno quando acompanhou o pai nas esperas de toiros e nas corridas pela Feira de Outubro e Colete Encarnado. Nunca sonhou ser toureiro ou forcado, mas cedo percebeu que tinha o gosto por socorrer as vítimas da festa brava.
Foi com naturalidade que, enquanto fez a especialidade de cirurgião, se dedicou à cirurgia taurina e começou a trocar experiências com especialistas espanhóis através da Internet. Os convites para participar em congressos e colóquios começaram a aparecer. Hoje Luís Ramos é conhecido como “o cirurgião dos toiros” de Vila Franca. “Sou o pregador da cirurgia taurina”, refere.
Como aficionado, Luís Ramos é um defensor da corrida integral com toiros picados e mortos na arena. O cirurgião não aceita que se sujeite o animal ao sofrimento de esperar horas e dias para ser abatido após uma corrida. “Deve ser logo abatido e posto à carne”, diz.
Vilafranquense e defensor das tradições, Luís Ramos não esconde a tristeza pela falta de público na praça Palha Blanco e aponta “o preço excessivo dos bilhetes e a falta de seriedade de alguns cartéis, ao longo dos últimos anos, como causas principais do afastamento dos aficionados. 
O médico gostava de ver aparecer novas figuras da terra que pudessem atrair novos públicos. “Há um vazio de referências”, explica. Luís Ramos considera que a autarquia e as escolas do concelho têm um papel importante na divulgação e promoção da festa brava e podem ajudar a captar novos aficionados.
Nelson Silva Lopes

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