A erva é tenra, o verde é paz e o Sol brilhou!
O vento quebra os silêncios e os badalos são a música tranquila que embala os campos.
SOU UM TOURO BRAVO!
Herói amado e odiado!
Rei dos pastos e olhar perdido...
Força bruta que o medo excita.
Gigante negro que se julga livre.
SOU UM TOURO BRAVO!
Escravo de especismo e raça de guerra inútil.
Animal, como tantos outros, explorado...
Um dia deixarei os pastos, a brisa e a música da Natureza.
Ouvirei os gritos da turba ensandecida e sentirei a dor e o sangue que me queima o corpo.
EU ERA UM TOURO BRAVO!
Hoje sou carne ainda viva, para diversão alheia.
Eu era o rei do prado!
Hoje sou o farrapo que tenta sobreviver...
Eu era a valentia que a dor roubou, trémulo e moribundo.
Resta-me a saudade do pasto verde e a resignação aos ferros que me levam a dignidade.
JÁ NÃO SOU UM TOURO BRAVO!
Um fraco sopro de vida, num corpo que não é mais meu...
Entreguei-me ao homem que imita valentia, à dor que me consome e à morte que tarda chegar.
JÁ NÃO SOU UM TOURO!
Sou apenas aquilo que acharam que nasci para ser e o que de mim fizeram ...
Teresa Botelho
Como o imaginado dr. Dolite, também eu algumas vezes os entendia os toiros. Todavia, foram os versos a eles dedicado que li aqui, que me lembrou o que já escrevi sobre o mesmo tema.
ResponderEliminarimaginado dr. Dolite, também eu algumas vezes os entendia. Foi assim que tive ocasião de ouvir a confissão de um verdadeiro touro bravo. Desabafou, depois de desfazer nos seus irmãos mansos que, segundo disse, desacreditam a raça. E o pior, afirmou, é que são cada vez em maior número. Esses sim! Esses sim! Esses é que, se continuam a aumentar acabam com as touradas. Posto isto seguiu-se o monólogo taurino que reproduzo:
Sou negro, forte e imponente,
Ao mesmo tempo inocente,
Amigo e natural,
Sei que não me querem mal.
Tradições são recordações de cultura,
Não são espaços de tortura.
Para me animar bandarilhas no meu corpo são espetadas,
Com certo cuidado e ternura, meu dorso é penetrado,
Estremecendo o meu coração excitado.
Ansioso estou, pronto a correr,
As minhas patas calejadas são o meu suporte,
Bandarilhas fazem meu corpo ferver.
A adrenalina é o meu suporte
Vejo os olhos dengosos de quem me ama,
Cheios de amor e simpatia.
Entro num jogo sabendo a razão.
Sem um assomo de rebeldia
O areoso chão da praça quase vazia,
Ganha uma cor para mim antes desconhecida.
Uma cor encarnada escurecida,
Nos meus olhos ela é refletida.
Sei qual será o meu fim,
Tão glorioso e brilhante,
A minha dor… a dor ….…
É como a carícia de um amante.
Vivo o calor da luta,
Para ela é que fui criado
Prefiro morrer lutando
Que como mísero
Boi capado.
Toiro filósofo. As minhas hesitações quase acabaram. Confirmei o que penso. Inexplicavelmente, sinto que toiro bravo gosta de lutar. De mostrar a sua força e resistência. E sente que é na arena que tem oportunidade de o fazer.
Carlos Patrício Álvares (Chaubet)
s calejadas são o meu suporte,
Bandarilhas fazem meu corpo ferver.
A adrenalina é o meu suporte
Vejo os olhos dengosos de quem me ama,
Cheios de amor e simpatia.
Entro num jogo sabendo a razão.
Sem um assomo de rebeldia
O areoso chão da praça quase vazia,
Ganha uma cor para mim antes desconhecida.
Uma cor encarnada escurecida,
Nos meus olhos ela é refletida.
Sei qual será o meu fim,
Tão glorioso e brilhante,
A minha dor… a dor ….…
É como a carícia de um amante.
Vivo o calor da luta,
Para ela é que fui criado
Prefiro morrer lutando
Que como mísero
Boi capado.
Toiro filósofo. Gostei de o ouvir. As minhas hesitações quase acabaram. Confirmei o que penso. Inexplicavelmente, sinto que toiro bravo gosta de lutar. De mostrar a sua força e resistência. E sente que é na arena que tem oportunidade de o fazer.
Carlos Patrício Álvares (Chaubet)