domingo, 28 de setembro de 2014

TOURO BRAVO


    A erva é tenra, o verde é paz e o Sol brilhou!
    O vento quebra os silêncios e os badalos são a música tranquila que embala os campos.

                                     SOU UM TOURO BRAVO!

     Herói amado e odiado!
     Rei dos pastos e olhar perdido...
     Força bruta que o medo excita.
     Gigante negro que se julga livre.

                                      SOU UM TOURO BRAVO!

      Escravo de especismo e raça de guerra inútil.
      Animal, como tantos outros, explorado...
   
      Um dia deixarei os pastos, a brisa e a música da Natureza.
      Ouvirei os gritos da turba ensandecida e sentirei a dor e o sangue que me queima o corpo.

                                     EU ERA UM TOURO BRAVO!

      Hoje sou carne ainda viva, para diversão alheia.
      Eu era o rei do prado!
      Hoje sou o farrapo que tenta sobreviver...
      Eu era a valentia que a dor roubou, trémulo e moribundo.
      Resta-me a saudade do pasto verde e a resignação aos ferros que me levam a dignidade.

                                     JÁ NÃO SOU UM TOURO BRAVO!

Um fraco sopro de vida, num corpo que não é mais meu...                                                                              

       Entreguei-me ao homem que imita valentia, à dor que me consome e à morte que tarda chegar.

                                             JÁ NÃO SOU UM TOURO!

       Sou apenas aquilo que acharam que nasci para ser e o que de mim fizeram ...

                                                                           
                                                                                            Teresa Botelho

1 comentário:

  1. Como o imaginado dr. Dolite, também eu algumas vezes os entendia os toiros. Todavia, foram os versos a eles dedicado que li aqui, que me lembrou o que já escrevi sobre o mesmo tema.

    imaginado dr. Dolite, também eu algumas vezes os entendia. Foi assim que tive ocasião de ouvir a confissão de um verdadeiro touro bravo. Desabafou, depois de desfazer nos seus irmãos mansos que, segundo disse, desacreditam a raça. E o pior, afirmou, é que são cada vez em maior número. Esses sim! Esses sim! Esses é que, se continuam a aumentar acabam com as touradas. Posto isto seguiu-se o monólogo taurino que reproduzo:

    Sou negro, forte e imponente,
    Ao mesmo tempo inocente,
    Amigo e natural,
    Sei que não me querem mal.
    Tradições são recordações de cultura,
    Não são espaços de tortura.
    Para me animar bandarilhas no meu corpo são espetadas,
    Com certo cuidado e ternura, meu dorso é penetrado,
    Estremecendo o meu coração excitado.
    Ansioso estou, pronto a correr,
    As minhas patas calejadas são o meu suporte,
    Bandarilhas fazem meu corpo ferver.
    A adrenalina é o meu suporte
    Vejo os olhos dengosos de quem me ama,
    Cheios de amor e simpatia.
    Entro num jogo sabendo a razão.
    Sem um assomo de rebeldia
    O areoso chão da praça quase vazia,
    Ganha uma cor para mim antes desconhecida.
    Uma cor encarnada escurecida,
    Nos meus olhos ela é refletida.
    Sei qual será o meu fim,
    Tão glorioso e brilhante,
    A minha dor… a dor ….…
    É como a carícia de um amante.
    Vivo o calor da luta,
    Para ela é que fui criado
    Prefiro morrer lutando
    Que como mísero
    Boi capado.

    Toiro filósofo. As minhas hesitações quase acabaram. Confirmei o que penso. Inexplicavelmente, sinto que toiro bravo gosta de lutar. De mostrar a sua força e resistência. E sente que é na arena que tem oportunidade de o fazer.

    Carlos Patrício Álvares (Chaubet)


    s calejadas são o meu suporte,
    Bandarilhas fazem meu corpo ferver.
    A adrenalina é o meu suporte
    Vejo os olhos dengosos de quem me ama,
    Cheios de amor e simpatia.
    Entro num jogo sabendo a razão.
    Sem um assomo de rebeldia
    O areoso chão da praça quase vazia,
    Ganha uma cor para mim antes desconhecida.
    Uma cor encarnada escurecida,
    Nos meus olhos ela é refletida.
    Sei qual será o meu fim,
    Tão glorioso e brilhante,
    A minha dor… a dor ….…
    É como a carícia de um amante.
    Vivo o calor da luta,
    Para ela é que fui criado
    Prefiro morrer lutando
    Que como mísero
    Boi capado.

    Toiro filósofo. Gostei de o ouvir. As minhas hesitações quase acabaram. Confirmei o que penso. Inexplicavelmente, sinto que toiro bravo gosta de lutar. De mostrar a sua força e resistência. E sente que é na arena que tem oportunidade de o fazer.

    Carlos Patrício Álvares (Chaubet)

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