sexta-feira, 29 de junho de 2012

Spartacus, Touradas e Consciência

Ao ler o título poderá perguntar-se o que é que Spartacus tem a ver com Touradas e mais ainda, o que é que ambos tem a ver com a Consciência.

Espero ao longo das próximas linhas poder esclarecê-lo.

Spartacus e as Touradas são temas que me despertavam interesse na juventude e adolescência.

Spartacus porque sempre gostei bastante de assistir a grande produções cinematográficas.


As Touradas porque, talvez como uma grande maioria dos portugueses, era "obrigado" a assistir em minha casa. Nunca assisti um espetáculo de Tourada ao vivo. Porém como a minha família, em especial meu pai, assistia, eu assistia também embora com um sentimento contraditório!

Se meu pai, como meu exemplo, assistia, é porque era bom, então eu imitava-o, quase como qualquer criança que admira seus pais, esperando vir a gostar também. No entanto dentro de mim sentia que o espetáculo não era tão bom assim como aparentava. Era também ela uma grande realização, mas o que estava a ser transmitido por detrás daquelas aparências grandiosas e maravilhosas, ou seja a verdadeira mensagem do espetáculo não era o que parecia...

Com Spartacus a história é diferente. O escravo que luta com as mesmas armas dos outros, seja corpo a corpo, seja com armas idênticas, provocou em mim, por este motivo, uma admiração especial.

A admiração seria ainda maior no caso de Spartacus se tomasse em linha de conta o seu ideal de libertação da escravatura. Já no caso das Touradas continuo a ter dificuldade em encontrar algum motivo válido que justifique a sua realização.

Vivi aquele conflito durante muitos anos. Como a minha vida não dependia destas questões, nunca parei para refletir sériamente sobre o tema e tomar uma decisão clara, gostar ou não gostar de Touradas. Até ao final de Julho passado em que voltei a Portugal e quando dei por mim, uma das noites, estava junto de meu pai, como tantas outras vezes, sobretudo na infância e adolescência, a assistir a mais uma Tourada, na televisão.

Esta reflexão pretende questionar apenas as formas de luta (afinal bem vistas as coisas, a tourada é uma luta entre um homem e um animal) e não as suas motivações!

Como seria uma Tourada em que apenas se realizasse o toureio a pé e sem bandarilhas? Estaria mais de acordo com a luta entre escravos?


Porquê utilizar um nobre animal como o cavalo para fazer um espetáculo assim? Será que em nome da "racionalidade" o homem se serve da "irracionalidade" animal para sua própria diversão? Será que o fato de um homem se achar mais forte que um animal (afinal em que plano ele é mais forte?) lhe dá o direito de utilizar armas que reforçam mais o seu poderio? Que força é essa afinal?

Hoje já se chega ao ponto de proteger os chifres do animal, não para proteger esse mesmo animal mas sim o "ser humano" que lhe vai fazer frente.

Qual a relação que existe entre o que tenho comentado e a chacina dos indios pelos homens brancos com a utilização de armas? Será o mesmo tipo de "superioridade"?

Seria interessante prender os animais a alguma distância e matá-los através de tiros de espingarda? Quem sabe pode vir a tornar-se numa futura modalidade com interesse para os humanos!

A Consciência é um tema que entrou na minha vida apenas depois de ter alcançado a idade adulta e por uma necessidade de busca relacionada com a minha própria sobrevivência.

E ... será que Spartacus ou as Touradas tem alguma relação com a Consciência?

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